A cada ano, a Euromonitor International faz um levantamento para identificar as tendências emergentes e dinâmicas mais propensas a ganhar força. Assim, o relatório com a 10 principais tendências globais de consumo para 2022, divulgado em 17 de janeiro, fornece informações sobre as mudanças nos valores dos consumidores. Além disso, explora como seu comportamento está transformando e impactando empresas no mundo todo.
Tais informações fornecem dados valiosos sobre o que deverá motivar o consumidor, tornando-se aliadas às estratégias de marketing para o ano. Não é novidade que a pandemia do coronavírus modificou intensamente a relação entre marcas e pessoas. Hoje, mais do que nunca, pessoas querem se conectar com marcas que tenham os mesmos propósitos e valores que os seus.
Preocupação socioambiental, por exemplo, é uma das questões mais importantes para os clientes. Saúde mental também ganhou mais força, fazendo com que, os consumidores observem o trato das empresas com seus funcionários. Não à toa, “agentes do clima” e “a grande renovação da vida”, figuram entre as 10 tendências. Relacionadas, respectivamente, ao ativismo verde e mudanças pessoais que envolvem um recomeço coletivo em relação a valores, estilos de vida e objetivos.
A mudança foi a única constante nos últimos dois anos. Isto é, alterações radicais no estilo de vida levaram os consumidores a tomar decisões intencionais, conscientes e ambiciosas. “Agora o mundo está se recuperando. Portanto, os consumidores estão colocando seus planos em ação, arriscando-se e aproveitando o momento. Acesso e ação são as forças motrizes por trás das 10 principais tendências globais de consumo para 2022″, destacou o relatório da Euromonitor International.
Neste ano, os consumidores estão retomando o controle e pavimentando um caminho à frente com base em suas paixões e em seus valores. Por isso, entenda, abaixo, quais são as 10 principais tendências de consumo para 2022:
1. Sempre com um plano B
Diante dos desafios de assegurar seus produtos e serviços habituais ou desejados, os consumidores Sempre com um Plano B estão procurando maneiras de comprar itens similares ou de encontrar soluções criativas alternativas. Os momentos de escassez na cadeia de abastecimento estão forçando as empresas a se articularem e fornecerem novas soluções para garantir o acesso dos clientes a produtos e serviços.
“No final de 2022, as cadeias de abastecimento devem começar a se estabilizar e o acesso aos produtos deve voltar aos níveis anteriores à COVID-19. No entanto, os novos hábitos de compra vão ditar como os consumidores Sempre com um Plano B descobrem e selecionam os produtos, desde marcas de origem local até marcas vendidas diretamente ao consumidor ou mesmo serviços de assinatura. Em suma, a localização e a otimização se tornarão a regra. Assim, empresas e distribuidores devem usar dados para melhorar a visibilidade da cadeia de suprimentos, aprimorar as operações e repensar investimentos”, pontuou o relatório.
2. Agentes do clima
De fato, o ativismo verde e os estilos de vida baseados no baixo teor de carbono vieram para ficar. Dessa forma, os consumidores esperam que as marcas se posicionem e estão agindo por meio dos produtos que compram, à medida que as preocupações com a emergência climática aumentam. Portanto, para conquistar os Agentes do Clima, as empresas devem oferecer produtos com certificação de pegada de carbono.
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De acordo com o Euromonitor International, a inovação digital está remodelando a forma como varejistas, fabricantes e consumidores fazem a transição para uma nova era de transparência ambiental. Isto é, ferramentas de tecnologia, como rotulagem digital de produtos e aplicativos móveis de rastreamento, ajudam os consumidores a rastrear as alegações éticas, a pegada de carbono e os hábitos de reciclagem diretamente de seus telefones.
Os millenials e a geração Z, sobretudo, sentem que podem fazer a diferença por meio de suas escolhas. Esse grande grupo consumidor do futuro usará ferramentas para garantir um impacto mínimo no clima. Portanto, quanto mais ofertas se alinharem com as expectativas dos Agentes do Clima, mais as marcas verão seus produtos e serviços repercutirem.
3. Idosos digitais
Os consumidores mais idosos foram forçados a ficar on-line enquanto o mundo se fechava. Agora, familiarizados e confortáveis com a tecnologia, os Idosos Digitais têm autonomia para fazer compras e utilizar os serviços por meio desse canal. Assim, as empresas têm a oportunidade de adaptar sua experiência digital para direcionar e atender às necessidades desse público on-line expandido.
Vale destacar que, embora a pandemia tenha ampliado a mente dos consumidores mais idosos para os benefícios do mundo digital, as interações humanas continuarão sendo um componente predominante de como se relacionam com as marcas. Portanto, contar com tecnologia fácil de usar e soluções contínuas combinadas com comunicação frente a frente definirão o futuro da inclusão digital para idosos. Construir um plano ágil direcionado tanto para Idosos Digitais quanto para idosos novatos na área aumentará o retorno sobre o investimento.
4. Aficionados financeiros
Os consumidores estão ganhando confiança para investir e se tornando experientes em poupar para fortalecer a segurança financeira. Assim, os Aficionados Financeiros assumem o controle do próprio dinheiro e usam serviços para rastrear as transações que fazem. Isto é, a alfabetização financeira não está mais restrita às praças de mercados de capitais. Assim, empresas devem fornecer ferramentas e soluções fáceis de usar para fazer com que qualquer consumidor se sinta financeiramente empoderado.
“Varejistas e marcas devem colaborar com empresas de serviços financeiros para facilitar formas alternativas de pagamento, como criptomoedas ou ‘compre agora e pague depois’. O potencial impacto dos Aficionados Financeiros, desde expandir seu ritmo de investimento até aumentar sua perspicácia financeira, não pode ser subestimado.”
5. A grande renovação da vida
Proposito e paixão impulsionam a ação. A pandemia conduziu os consumidores a uma Grande Renovação da Vida, resultando em drásticas mudanças pessoais e em um recomeço coletivo em relação a valores, estilos de vida e objetivos. Dessa forma, as empresas devem inovar em bens, serviços e experiências que respondam a esse momento único, juntamente com um marketing que reconheça e abrace a revolução.
Todavia, os consumidores continuarão a navegar pela turbulência da pandemia. “As empresas que atendem à Grande Renovação da Vida devem ser vistas como parceiras, ajudando os consumidores a se ajustarem a um novo estilo de vida. As empresas devem adaptar o marketing para reconhecer e apoiar as decisões dos consumidores de agir.”
De acordo com Euromonitor International, que voltar a uma cartilha pré-pandêmica pode não ter o mesmo efeito daqui para a frente. “Os consumidores vão preferir marcas que combinem com o momento. As empresas precisam oferecer políticas e produtos que agreguem valor e apoiem o crescimento pessoal para impulsionar a lealdade.”
6. O movimento metaverso
O mundo digital está evoluindo de reuniões virtuais para realidades 3D imersivas. Os consumidores estão adotando esses espaços digitais para socializar com as comunidades. Marcas no centro do Movimento Metaverso podem promover a equidade. Aliás, esses ambientes imersivos podem impulsionar o comércio eletrônico e as vendas de produtos virtuais à medida que o acesso se expande.
De fato, empresas inovadoras já empregaram aplicativos de AR/VR em seus processos de negócios. Os consumidores que usam jogos on-line e mídias sociais que priorizam o vídeo para fazer transmissões e socialização estão estabelecendo as bases para o Movimento Metaverso. As melhorias nas capacidades de AR/VR (dispositivos de realidade aumentada/ virtual) e a redução dos custos de equipamento aumentarão o acesso a espaços virtuais 3D.
Os consumidores que já interagem com ambientes sociais on-line imersivos passarão ainda mais tempo em ambientes totalmente gerados por computador. À medida que o Movimento Metaverso segue ganhando mais participantes experientes em tecnologia, as empresas devem aprender seu papel para aumentar o reconhecimento da marca e gerar receita.
7. Antigos produtos, novos donos
Economizar é a tendência. Os consumidores estão mudando sua mentalidade de possuir algo para uma mentalidade de ter experiências. Sustentabilidade e individualidade estão removendo o estigma associado às compras de segunda mão e impulsionando os marketplaces pessoa a pessoa. Dessa forma, as empresas precisam fazer mais com menos. O investimento em iniciativas de economia circular, como programas de reciclagem, aluguel ou revenda, agregará valor enquanto impactando positivamente no meio ambiente.
As vendas reversas (recommerce) se tornarão cada vez mais predominantes e englobarão mais categorias. Os consumidores continuarão a levar em consideração a compra de itens de segunda mão, especialmente bens duráveis. Plataformas e agregadores oferecerão marcas diferentes e opções de revenda para atender à demanda do consumidor.
Ademais, as empresas precisam reutilizar ou reciclar materiais para o desenvolvimento de novos produtos e para a redução do desperdício. Como resultado, a busca por Antigos Produtos, Novos Donos melhorará inevitavelmente a produção e o consumo sustentáveis e a reputação da marca.
8. Urbanos rurais
Comunidades suburbanas e rurais oferecem moradias mais espaçosas e paisagens mais verdes, atraindo consumidores para fora da área metropolitana. Os moradores da cidade também querem que esses benefícios sejam trazidos para seus bairros. Por isso, empresas que fortalecerem a distribuição do comércio eletrônico, expandirem as linhas de produtos sustentáveis e atenderem os Urbanos Rurais vão sair como vencedoras.
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Os consumidores querem ambientes seguros, limpos e verdes, seja na cidade, seja no subúrbio, seja no campo. Comunidades espaçosas e sustentáveis ditarão onde os Urbanos Rurais escolherão viver. Independentemente da localização, as marcas e as empresas precisarão ajustar suas estratégias para reter esses clientes. Expandir os pontos de venda e serviços tradicionais e, ao mesmo tempo, investir em e-commerce ajudará as empresas a atingir um público mais amplo.
9. Em busca do amor-próprio
Aceitação, autocuidado e inclusão estão na vanguarda do estilo de vida do consumidor. As pessoas Em Busca do Amor-Próprio priorizam a própria felicidade, sentindo-se confortáveis em sua pele e desfrutando de bens e serviços que elevam seu senso de identidade. As empresas precisam criar conexões profundas com os clientes. Produtos que evocam bem-estar físico, emocional ou espiritual vão repercutir e melhorar a vida dos que estão Em Busca do Amor-Próprio.
O relatório do Euromonitor reforça que as empresas precisam apoiar os consumidores em sua jornada e compreender suas prioridades para instruir as inovações. Ofertas que ajudem os consumidores a se sentirem realizados, positivos e autoconfiantes vão melhorar a percepção da marca. Investir em tecnologias, como inteligência artificial (IA), pode facilitar o desenvolvimento de soluções personalizadas mais sofisticadas.
Mais importante ainda: os que estão Em Busca do Amor-Próprio compram produtos e serviços que se alinham com suas motivações e sua identidade, que devem permanecer no centro das estratégias de negócios.
10. O paradoxo da socialização
Os consumidores estão se aproximando de um retorno à vida pré-pandêmica de maneiras diferentes, com base em seus níveis de conforto. Alguns consumidores estão ansiosos para retomar suas atividades normais, enquanto outros hesitam, criando o Paradoxo da Socialização. Portanto, as empresas devem fornecer soluções integradas e várias opções em todos os canais, sem sacrificar a experiência.
O Paradoxo da Socialização é uma fase comportamental que influencia os hábitos do consumidor. Os consumidores querem socializar, mas exigem uma abordagem flexível. As empresas devem ser receptivas e fornecer uma experiência integrada com soluções inovadoras e adaptáveis. O trabalho remoto e os eventos virtuais vão coexistir com os compromissos presenciais, mas os consumidores querem ter a opção de escolher. As empresas precisam levar em consideração os oscilantes níveis de conforto. Modelos de negócios híbridos vão colocar os consumidores no controle de sua experiência desejada.
Tendências globais de consumo na prática
Diante ao relatório de tendências globais de consumo para 2022 do Euromonitor International, fica evidente que os modelos de negócios tradicionais e as redes de logística estão sendo desafiados. “As empresas precisam evoluir tão rapidamente quanto o comportamento do consumidor está mudando. No mundo de hoje, os hábitos de compra anteriores não necessariamente implicam lealdade à marca. Empresas de sucesso atenderão os consumidores nos termos deles.”
Em outras palavras, o relacionamento com o cliente não poderá mais ser transacional. “O desenvolvimento de conexões profundas e de apoio vai impulsionar as empresas para além da compra para que sejam vistas como aliadas. Os consumidores vão preferir e confiar nas marcas que se mostrarem humanizadas. A experiência do cliente precisará ser multifacetada. As empresas correrão o risco de perder clientes se a experiência não for integrada e personalizada”, frisou o relatório.
“As empresas deverão considerar parcerias com outros atores em todos os setores para compartilhar recursos, expandir o alcance de seus produtos e serviços e atingir objetivos além de suas capacidades operacionais atuais. Os clientes estão se movimentando. As empresas deverão se movimentar com eles ou correrão o risco de perdê-los.”
* Com informações do Euromonitor International.
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